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O jornalismo brasileiro perdeu nesta
terça-feira, 2/09/2025, um de seus personagens mais marcantes. Demetrio
“Mino” Carta, fundador de algumas das
principais revistas e jornais do país, morreu em São Paulo aos 91 anos,
após semanas de internação.
Dono de
uma trajetória que atravessou mais de seis décadas de imprensa, Mino
redefiniu a linguagem jornalística e construiu veículos que formaram
gerações de leitores e profissionais.
Considerado uma das figuras mais influentes do
jornalismo brasileiro, fundou e dirigiu algumas das publicações mais
importantes do país, como as revistas Quatro Rodas, Veja, Isto É e Carta
Capital, além de ter sido uma peça-chave na criação do Jornal da Tarde.
Sua carreira foi marcada pela inovação editorial, por uma postura
crítica em relação ao poder e por uma forte oposição à ditadura militar
brasileira.
Nascido
em Gênova, na Itália, em 1933, chegou ao Brasil ainda jovem, em meio às
conseqüências da Segunda Guerra Mundial. Logo cedo mergulhou no universo
da escrita e encontrou no jornalismo sua vocação.
Aos 16
anos publicou seus primeiros textos e, poucos anos depois, já estava
envolvido em grandes projetos editoriais. Sua carreira foi marcada pelo
espírito inovador e pela coragem de enfrentar os poderes constituídos,
mesmo durante a ditadura militar brasileira, quando denunciou casos de
tortura na Veja e sofreu interrogatórios por isso.
Mino
Carta foi um jornalista de posições políticas marcadas -
Amigo pessoal de Luiz Inácio Lula da Silva, foi o
responsável por convencê-lo a participar do comício das Diretas Já, a
pedido de Ulysses Guimarães e Franco Montoro. Foi um crítico
contundente da Operação Lava Jato e do juiz Sergio Moro, e qualificou o
impeachment de Dilma Rousseff como "o pior golpe
que o Brasil sofreu". Embora normalmente alinhado às posições
históricas do Partido dos Trabalhadores (PT), Mino
teve também diversas discordâncias com as políticas econômica e
ambiental dos governos Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff, além
de ter sido muito crítico em relação a decisão de conceder asilo
político a Cesare Battisti, do qual era um dos mais ferrenhos
opositores.
Mino
Carta foi casado com Maria Angélica Pressoto, que morreu em 1996, e teve
dois filhos: Gianni (1963–2019) e Manuela Carta, ambos jornalistas. Mino
Carta deixa não apenas uma obra editorial robusta, mas também a
lembrança de um jornalista que ousou sonhar com uma imprensa livre,
crítica e comprometida com a democracia.
O
presidente Luiz Inácio Lula da Silva manifestou pesar pela morte do
amigo e decretou três dias de luto oficial.
“Recebi com profunda tristeza a notícia da morte do meu amigo Mino
Carta.
Fonte: Fundação Perseu Abramo
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