|
A escalada de tensões entre Brasil e Estados Unidos subiu mais um degrau
com o anúncio de sanções ao ministro do Supremo Tribunal Federal (STF),
Alexandre de Moraes, pelo Departamento de Estado americano. O secretário
de Estado americano, Marco Rubio, na sexta-feira (18), anunciou a
revogação dos vistos do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF),
Alexandre de Moraes, seus familiares e seus aliados no tribunal e a
sanção americana teve efeito imediato. Dos 11 ministros do Supremo
Tribunal Federal, apenas Luiz Fux, Kassio Nunes Marques e André Mendonça
não tiveram os vistos para os Estados Unidos revogados.
Também, entre novas sanções cogitadas, estariam
aumentar as tarifas de importação de produtos brasileiros de 50% para
100%, adotar punições em conjunto com a aliança militar Otan e até mesmo
o bloqueio do uso de satélites e GPS - O Sistema de Posicionamento
Global, mais conhecido pela sigla em inglês GPS (Global Positioning
System) oferece com rapidez e precisão a localização de um ponto na
superfície terrestre.
O QUE É O
GPS?
Ele é utilizado em celulares, carros, aeronaves, embarcações e sistemas
de monitoramento, como tornozeleiras eletrônicas, e é essencial para
áreas como navegação, cartografia e monitoramento ambiental. Criado pelo
Departamento de Defesa dos EUA no final do século 20, o sistema foi
desenvolvido originalmente com fins militares, como o direcionamento de
mísseis, localização de tropas e execução de manobras táticas.
A
corrida espacial impulsionou a sua criação. Em 1957, a então União
Soviética lançou o Sputnik, primeiro satélite artificial da história. Já
o primeiro satélite operacional do GPS foi lançado em 1978, e o sistema
atingiu sua configuração plena em 1995, quando tinha 24 satélites em
funcionamento. Nos anos 1990, a tecnologia passou a ser amplamente
aplicada para usos civis, que vão do controle do tráfego aéreo a
aplicativos de informações para rotas em celulares.
Atualmente, o sistema conta geralmente com 31 satélites em operação, que
estão distribuídos em seis planos orbitais ao redor da Terra, de forma
que, em qualquer ponto do planeta, pelo menos quatro deles estejam
sempre visíveis a um receptor GPS. Esse é o número mínimo necessário
para o sistema funcionar corretamente. Cada satélite transmite
continuamente um sinal de rádio com informações sobre sua posição e o
horário exato de emissão, baseado em um relógio atômico.
O
receptor, ao captar esse sinal, registra o tempo de chegada da mensagem
e o compara com o horário indicado pelo satélite. A diferença de tempo
permite calcular a distância entre o receptor e o satélite. Como a onda
de rádio se desloca à velocidade da luz, mesmo variações de frações de
segundo representam milhares de quilômetros.
Com os
dados de quatro satélites distintos, o receptor consegue triangular sua
posição com alta precisão. Se os sinais forem captados somente de um ou
dois satélites, a localização estimada será menos confiável ou ambígua.
O sistema oferece dois tipos de serviço: o Standard Positioning Service
(SPS), disponível a todos os usuários civis do mundo, e o Precise
Positioning Service (PPS), de uso restrito às forças armadas
norte-americanas e seus aliados.
Segundo
o que dizem certos engenheiros, os sinais transmitidos pelos satélites
do GPS são unidirecionais: saem do espaço e alcançam, ao mesmo tempo,
receptores em qualquer parte do mundo, Sistemas Celulares e Comunicações
por Satélite e presidente da Teleco, consultoria em Telecomunicações,
por tal fator, é improvável cortar o sinal do GPS somente para um país
ou território, sem afetar regiões vizinhas.
Poderiam existir maneiras, no entanto, de interferir localmente no
funcionamento do GPS. Algumas dessas técnicas já foram usadas em zonas
de conflito ou de interesse estratégico. A principal é o Jamming, um
bloqueio de sinal feito com dispositivos que emitem ondas de rádio para
neutralizar o sinal original dos satélites. O Jamming consiste em
prejudicar a recepção do sinal do GPS com um transmissor na mesma
freqüência, porém, mais forte. Para fazer isso para atingir o Brasil,
por exemplo, seria necessário estar aqui para criar essa interferência,
o que prejudicaria muitas pessoas - seria como se fosse um ato de
sabotagem.
Em maio
de 2024, a Rússia provocou interrupções em sistemas de navegação por
satélite que afetaram milhares de vôos civis. Naquele ano, um avião da
Força Aérea Real britânica que transportava o secretário de Defesa do
país chegou a ter seu sinal de GPS bloqueado ao sobrevoar áreas próximas
ao território russo.
Na
guerra com a Ucrânia, o país tem utilizado sistemas avançados de guerra
eletrônica, como o Zhitel and Pole-21, para bloquear sinais de GPS em
áreas próximas às áreas de conflito. A tática serve para "cegar" mísseis
guiados, neutralizar drones e dificultar a movimentação de tropas
inimigas.
Outra
técnica é o spoofing, que consiste em enganar o receptor, substituindo
sinais legítimos por falsos, indicando uma localização incorreta.
A
restrição do GPS afetaria diversos setores civis como transportes, com
interrupções na aviação, navegação marítima e logística;
telecomunicações e energia, já que as redes precisam do tempo preciso do
GPS para sincronização; e até em bancos e finanças — o sistema é usado
para fornecer o tempo exato em transações eletrônicas.
Como
alternativa ao GPS, é possível desenvolver sistemas próprios, como o
sistema russo GLONASS, o chinês BeiDou e o Galileo, da União Europeia.
Há também sistemas regionais, como indiano NavIC e o QZSS, no Japão.
Esses sistemas são interoperáveis e, em muitos dispositivos modernos,
funcionam em conjunto com o GPS. Há também sistemas de backup
terrestres, como o eLoran, Navegação de Longo Alcance Aprimorada, em uso
em alguns países, para garantir posicionamento e tempo mesmo sem
satélites.
O QUE PODERIA
ACONTECER SE O BRASIL FICASSE SEM GPS?
Embora
seja possível desenvolver sistemas de geolocalização próprios, e o
Brasil tem capacidade para isso, tal serviço não seria desenvolvido e
executado de um dia para outro, o Brasil depende quase que totalmente do
serviço prestado pelos EUA.
Quase
tudo hoje em dia depende de satélites: A movimentação bancária, por
exemplo, já é controlada via GPS; a agricultura de precisão, que usa
colheitadeiras automatizadas e coordenadas, também depende totalmente
desses sistemas; a mineração moderna, com equipamentos guiados por
localização via satélite, segue o mesmo caminho.
Dados
revelados recentemente, mostram que: 75% da mineração no mundo depende
de GPS. Já a produção de petróleo chega a 99% de dependência. No setor
agrícola, mais de 80% da produção mundial está ligada a esses satélites,
sem contar serviços menores, tais como transporte público, Uber, moto -
Taxi e outros.
Esses
números mostram que as três maiores áreas da economia global — petróleo,
agricultura e mineração — estão diretamente conectadas ao funcionamento
desses sistemas espaciais. Caso os satélites deixem de operar, essas
cadeias seriam fortemente afetadas, e no Brasil não é diferente. Segundo
estudiosos, se os satélites parassem de funcionar por 30 dias, os
prejuízos ultrapassariam os U$ 275 bi, revelando a dependência mundial
com relação à essa tecnologia.
Além do
impacto financeiro, o cenário levanta uma questão de soberania. O
Brasil, por exemplo, está à mercê do bom relacionamento com os Estados
Unidos, já que usa os satélites norte-americanos. Em caso de conflito ou
rompimento de relações, o país poderia perder acesso ao sistema.
LEIA TAMBÉM
|
|