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O Brasil saiu do Mapa da Fome das Nações
Unidas, segundo o relatório “O
Estado da Segurança Alimentar e Nutricional no Mundo 2025”,
divulgado na segunda (28/7/2025). De acordo com o levantamento da
Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO),
o índice de subnutrição no país está abaixo de 2,5%, o que retira o
Brasil da lista de nações em situação de insegurança alimentar grave.
O anúncio foi feito durante a 2ª Cúpula de Sistemas Alimentares da ONU,
realizada em Adis Abeba, capital da Etiópia. O relatório considera a
média de dados entre 2022 e 2024 para calcular os níveis de
subalimentação no mundo. No caso do Brasil, o percentual caiu abaixo do
patamar que define a presença no Mapa da Fome.
O Mapa da Fome é elaborado com base no número de pessoas que consomem
menos calorias do que o mínimo necessário para manter uma vida ativa e
saudável. A partir de um índice superior a 2,5% da população em situação
de subnutrição, o país passa a integrar a lista da ONU.
Um relatório publicado pelo Pacto
Contra a Fome revelou que a insegurança alimentar cresce nas
regiões mais pobres do Brasil. Segundo o boletim divulgado em 28 de
julho, são 75,3% da população do Nordeste e 81,7% de quem vive no Norte
sofrem de “exclusão alimentar elevada”. Se
as populações forem somadas, significa que mais de 57 milhões de
brasileiros não sabem se vão comer naquele dia. O estudo levou em conta
uma cesta básica de R$ 441,00 - composta por alimentos in natura e
“minimamente processados”.
Segundo
dados divulgados em 28 de julho pela FAO (Organização das Nações Unidas
para Alimentação e Agricultura), o Brasil tem 50,2 milhões de pessoas
que não podem pagar por uma alimentação saudável (23,7% da população).
“O problema não é a falta de alimento, é a falta
de poder de compra. O Brasil tem excedentes alimentares, tanto que
exporta para o mundo inteiro. A melhora da qualidade alimentar só se
resolve com aumento de emprego e de salários.”, afirma José
Graziano, ex-diretor da FAO e idealizador do programa Fome Zero.
Um
importante fator que contribui para a melhor condição para aquisição de
alimentos, é o Bolsa Família. O número de famílias atendidas pelo
benefício, atingiu em julho deste ano, o menor patamar em três anos:
19,6 milhões são beneficiárias do programa atualmente, segundo dados do
Ministério do Desenvolvimento Social (MDS). Milhares de benefícios foram
cortados e um dos fatores, é que o Orçamento de 2025 só autoriza R$
158,6 bilhões em gastos com o programa. Em 2024, foram empenhados R$
168,2 bilhões, segundo o Siga Brasil.
Outro
fator, é que a maior parte da redução se deve ao chamado “pente-fino”. O
número de beneficiários do Bolsa Família foi reduzido em 1,1 milhão
desde o início do terceiro mandato de Lula. O governo federal confirmou
que o Bolsa Família sofrerá uma redução real de 7,4% nos gastos em 2025
em relação ao primeiro semestre de 2024.
12 dos
27 Estados brasileiros, ainda registram mais famílias recebendo o Bolsa
Família do que trabalhando com carteira assinada no setor privado. Todos
esses Estados estão concentrados nas regiões Norte e Nordeste do país. A
base da comparação são dos dados do Cadastro Geral de Empregados e
Desempregados (Caged) divulgados em 28 de maio, que deixam de fora o
setor público.
No
Maranhão a situação é mais grave: são 669 mil empregos formais contra
1,2 milhão de famílias recebendo o benefício, quase 2 famílias para cada
trabalhador registrado. Já em Santa Catarina, o cenário é o oposto, com
11 trabalhadores formais para cada beneficiário do Bolsa Família.
Antes
da pandemia, 8 Estados tinham mais beneficiários que empregos formais. A
crise sanitária e o lançamento de auxílios emergenciais fizeram esse
número subir para 13 em 2022. Agora, com ajustes e revisões, voltou a
cair para 12. Em janeiro de 2023, havia quase 1 beneficiário para cada 2
trabalhadores com carteira assinada no Brasil, o que representa 49,6% do
total de empregos formais. Em agosto de 2024, essa proporção caiu para
42,6%.
O
Brasil saiu do Mapa da Fome, porém, ainda não conseguiu extinguir o
"fantasma da fome" das mesas dos
brasileiros.
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